domingo, junho 17, 2007

Três Poemas Zen


Perguntas

As pessoas perguntam
O que há de errado

O sábio pergunta
O que não há de errado

As pessoas querem saber
O que é o Caminho

O sábio quer saber
O que o Caminho não é --
Pois ele conhece o Caminho.



Escapar

Escape das coisas
Durante o dia

As coisas te perseguirão
Durante a noite

Corra -- E te perseguirão mais

Caia e morra.

Porém, Retorne -- e renasça !

Retorne ao seu povo
Retorne à sua família
Retorne a você mesmo
Assim, retorne ao Caminho

Não há Caminho
Sem você.



Ferir

Aceite você
E aceite ao outro

Aceite ao outro
E aceite a você

Pois --Você está nele
Ele em você

Fira a ele
E ferirá a você mesmo

Quem quer se machucar ?

Dois tornam-se um
E nenhum se fere

Olhe os olhos dele -- está com raiva.
Que desastre !
Ele está lutando consigo mesmo.

Respire profundamente
E dê de presente a ele: Um olhar sereno
Pois você está em paz

Você está -- passo a passo a passo

No Caminho.

by André Whittick Nasser

sábado, junho 16, 2007

No ritmo de um mantra



Um abraço
um beijo
duas linguas
se enroscam em vários sentidos
quantos sentidos...

Te sinto em mim iluminado

Por que esquecer?
Lembre-se do melhor de nós
Não esqueças
que o tempo é relativo
ontem, hoje, amanhã
enquanto estivermos aqui

Sorvo teu suor
para matar minha sede
hidrogênio duas vezes
perco o oxigênio
água e muita saliva

Um pacto espiritual
Uma fusão corporal
a carne trêmula se faz refém
e partimos além

segunda-feira, junho 11, 2007

NÃO TE AMO...

Como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Pablo Neruda

domingo, junho 10, 2007

Cítaras celestiais



Ao som dos búzios celestiais
os anjos se reúnem
Emanam a origem das cores
até o sol poente

Não os vejo mas posso ouvi-los
Com os olhos senti-los
Tocam suas cítaras ao redor do mundo
Enquanto milhares de sóis se põem
A cada milésimo de segundo
E novamente Krishna me chama a dançar

Olhos amendoados e cabelos ao vento
A mensagem emanada pelos inúmeros sons
Numa celebração de eternidade

Hari Bol!

Legião

Toda poesia é canto...
Toda canção é imagem
sua presença é poesia, canto, imaginação...
toda música é verdade
sempre existe um ouvido carente
uma saudade...
O que é um "lirismo bom"?
Sou fruto da Legião Urbana
e me sinto muito bem por isso
não foi tempo perdido...

sábado, junho 09, 2007

Todos os tons de cereja...

Rapte-me, Camaleoa
Composição: Caetano Veloso

Rapte-me camaleoa
Adapte-me a uma cama boa
Capte-me uma mensagem à toa
De uma quasar pulsando loa
Interestelar canoa

Leitos perfeitos
Seus peitos direitos me olham assim
Fino menino me inclino pro lado do sim

Rapte-me, adapte-me, capte-me
It's up to me
Coração
Sem querer ser merecer ser um camaleão

Rapte-me camaleoa
Adapte-me ao seu
Ne me quitte pas

sexta-feira, junho 08, 2007

O fruto do desejo

Amores desencontrados
O desejo voa
atravessa a baía
à procura
corre quilômetros
estampa no céu sem núvens
todos os tons de cereja
Preciso de você
Fruto do desejo
na duração de uma música dos beatles
Para ter todas as cores
Outra vez

quinta-feira, junho 07, 2007

RODA VIVA

Somos prisioneiros de nossos desejos
Fico sonhando com teu sorriso
A divagar alone na mesa de um bar
Me lembro de nossos momentos íntimos
Bocas sangradas no ápice do gozo

A palavra é um pensamento concreto
uma onda que se propaga
uma realidade que se cria

Onde está você saltimbanco
Da Rua Alice no país dos desejos?
Agora só penso no teu sorriso
um convite ao prazer se abrindo

As afinidades preenchem oceanos
Transbordam risos
Ondas de pessosas e mais pessoas
Identificações e humores

E eu nesta roda viva
entre copos e cigarros
olhos ou cadeiras vazias
sorriso ou cama fria